Mas vamos ao gol, uma falha observada até em competição de alto nível como a Copa do Mundo. O Boa atacou pela direita até a bola chegar a Clebson. O Náutico concentrou a marcação onde estava a bola e esqueceu do lado oposto. Foi assim que o lateral-esquerdo Marinho Donizete fechou em diagonal sem qualquer pressão. Ele aproveitou a falha de Rafael Cruz ao tentar dominar, ficou com a bola, passou por Alessandro e empurrou para as redes.
Quando o Boa saía tocando a bola, já que tinha metade do campo para fazer isso, o Náutico ocupava bem os espaços em sua metade, o que faltava era dar um passo à frente para diminuir o tempo de raciocínio do portador da bola. Quando o adversário começava a movimentar suas peças ofensivas, tendo no baixinho Clebson, ele mesmo, que comandava o Salgueiro naquele bom par de anos 2011/2012, o seu dínamo.
O camisa 10 tinha liberdade para cair em todos os setores. Com isso abria espaço para seus companheiros, que não tinham acompanhamento dos marcadores alvirrubros. Foi assim que saiu o segundo gol, aos 23 minutos. Clebson, um pouco mais centralizado, recebeu lançamento e, como se jogasse futevôlei, tocou de peito para Tomas que avançava sem ninguém em seu encalço. Por isso conseguiu se ajeitar e emendar uma bomba de primeira, no canto esquerdo.
Se não encontrava o time mineiro nas suas movimentações, os pernambucanos repetiam a imobilidade lá na frente. Quase não havia ultrapassagem. Triangulação? Uma palavra desconhecida. Os esforços ofensivos limitavam-se às arrancadas de Vinícius e cruzamentos, mais de Raí do que Rafael Cruz, para Tadeu tentar alguma coisa. O camisa nove levou mais perigo aos 30.
Para piorar a situação do técnico Sidney Moraes, dois jogadores deixaram o campo machucados: o zagueiro William Alves e o volante Gilmak. Edvânio e Gustavo Henrique foram os substitutos.
Como já fizera duas alterações por contusão, o treinador timbu não quis arriscar queimar seu último cartucho na volta para o segundo tempo. A tentativa foi que o time mostrasse algo diferente na base da orientação. E conseguiu com a colaboração de Vinícius Hess. Raí cruzou e, mesmo com Edvânio marcado, o volante do Boa meteu a mão esquerda na bola. Pênalti que Tadeu cobrou com frieza e categoria no canto direito. O Náutico estava no jogo novamente.
Além do gol, a marcação do Náutico foi outro fator a deixar a equipe competitiva na etapa final. Marinho e Leleu recuaram e tomaram o espaço que sobrava para os meias adversários. Se não incrementou o poderio ofensivo, essa nova postura deixou o jogo mais equilibrado, sem espaço vazio para entrada de algum elemento surpresa do Boa.
O caminho do time da casa ainda era a bola longa ou cruzada na área. Numa delas, aos sete, Tadeu desviou para trás e Leleu completou no ângulo para defesa de João Carlos. O Boa só conseguiu engatar uma boa linha de passes aos 17 minutos, mas que deixou Ualisson em ótima condição. Alessandro salvou o timbu, coisa que não conseguiu fazer aos 31 em nova liberdade pelo lado direito da defesa. Tomas recebeu, ajeitou, olhou e cruzou na pequena área. Dois zagueiros e o goleiro alvirrubro não conseguiram se antecipar a Diego, que cabeceou forte.
O terceiro gol foi a onda que desmontou o frágil castelo de areia construído pelo Náutico. Apenas dois minutos depois, o mesmo Diego arrancou no contra-ataque e acertou a parte externa da rede. A marcação no meio afrouxou e Clebson voltou a movimentar-se e puxar as jogadas de ataque do Boa. Anulado pela marcação de Betinho, Vinícius deu lugar a Marcos Vinícius, quando o mais indicado seria lançar o prata da casa para dividir a responsabilidade com o camisa 10.
A opção de Sidney só deu mais posse de bola ao time visitante. Tanto que, irritada com o resultado, a torcida alvirrubra passou a gritar um irônico olé a cada troca de passes. Quando tentou alguma coisa, os donos da casa foram apenas no abafa, sem qualquer senso de coordenação.
Ficha do jogo:
Náutico: Alessandro; Rafael Cruz, Flávio, William Alves (Edvânio) e Raí (Piauí); Elicarlos, Gilmak (Gustavo Henrique) e Marinho; Leleu, Vinícius e Tadeu. Técnico: Sidney Morais.
Boa Esporte: João Carlos; Eric, Luiz Eduardo, Thiago Carvalho e Marinho Donizete; Vinícius Hess, Wellington (Betinho), Tomas e Clebson; LUiz (Diego) e Ualisson. Técnico: Nedo Xavier.
Local: Arena Pernambuco, São Lourenço da Mata. Árbitro: Edmar Campos (AM). Assistentes: João Carlos de Jesus Santos e Daniel Vidal Pimentel (ambos de Sergipe). Gols: Marinho Donizete, aos cinco; Tomas, aos 23 do primeiro. Tadeu, aos três; Diego, aos 31 do segundo tempo. Cartões amarelos: Vinícius Hess, Marinho Donizete, Wellington e Piauí. Público: 5.498.
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