A inacreditável declaração do governador da Bahia, o petista Rui Costa, ao comentar o massacre promovido pela Rondesp – Rondas Especiais da Polícia Militar, no bairro do Cabula em Salvador, na madrugada do dia 6/02, que resultou no assassinato de 12 jovens negros, evidencia e sintetiza a maneira pela qual o Estado brasileiro e seus governos – todos e de todos os partidos -, tratam a morte negra: com cinismo e insensibilidade.
“A polícia (…) tem que definir a cada momento (…), ter a frieza e a calma necessárias para tomar a decisão certa. É como um artilheiro em frente ao gol que tenta decidir, em alguns segundos, como é que ele vai botar a bola dentro do gol, pra fazer o gol (…). Depois que a jogada termina, se foi um golaço, todos os torcedores (…) irão bater palmas e a cena vai ser repetida várias vezes na televisão. Se o gol for perdido, o artilheiro vai ser condenado(…).”
A versão da Secretaria de Segurança Pública da Bahia sustenta que houve um tiroteio na Estrada das Barreiras. Por outro lado, moradores que testemunharam a chacina desmentem a polícia e alegam que o grupo foi rendido e assassinado. As provas estariam nos próprios corpos com marcas de tortura, braços quebrados, olhos afundados e tiros na nuca. Mas o governador prefere a versão dos assassinos.
“A PM que eu imagino e quero construir no estado é uma PM que respeite o cidadão e atue sempre dentro da legalidade”. Nas palavras do governador petista, a cristalização da normativa político-jurídica justificadora da desgraça: a legalidade à serviço do racismo, do genocídio e da morte.
Quem nos protegerá da legalidade genocida? Quem nos protegerá dos governos e da polícia?
Com a palavra, abaixo, a Campanha Reaja ou Será Morta, Reaja ou Será Morto, em sua Nota de Repúdio, versão e voz das comunidades e familiares de pessoas assassinadas todos os dias pela PM baiana.
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