segunda-feira, 14 de julho de 2014

São Paulo já mistura Alckmin e Eduardo

Já o Palácio do Planalto, que oficialmente está com o petista Alexandre Padilha, trabalha, sem alarde, pelo peemedebista Paulo Skaf.
Foto: Hélia Scheppa


A disputa no maior colégio eleitoral do País se transformou num jogo de estratégia que envolve palanques informais e apoios ocultos. Do lado do favorito governador Geraldo Alckmin (PSDB), o PSB planeja montar 40 comitês “Edualdo” - chapa Eduardo Campos presidente e Geraldo Alckmin governador - em busca dos votos do PSDB. Já o Palácio do Planalto, que oficialmente está com o petista Alexandre Padilha, trabalha, sem alarde, pelo peemedebista Paulo Skaf.

“Aqui temos uma aliança em que quem é do PSB vai apoiar o Campos e quem é do PSDB, como eu, vai apoiar Aécio Neves (candidato tucano à Presidência)”, disse Alckmin no feriado de 9 de julho. O governador disputa mais um mandato à frente do Palácio dos Bandeirantes.

Candidato a vice na chapa de Alckmin, o deputado Márcio França (PSB) é o principal articulador da dobradinha, considerada “estratégica” para buscar eleitores tradicionais do PSDB. Por isso, o PSB coordenará e bancará o custo das estruturas “Edualdo” - pelo menos 23 comitês já estão com imóvel alugado -, bem como do material de campanha. Adesivos (veja imagem à direita), faixas e camisetas começam a ser produzidos essa semana.

Para o PSDB nacional, a composição paulista é um problema, pois tem potencial de tirar votos de Aécio em São Paulo. A chapa é uma reconfiguração, com gosto de “revanche”, das dobradinhas “Lulécio” e “Dilmasia”, das campanhas de 2006 e 2010, como ficou conhecido o voto casado em Minas nos candidatos à Presidência do PT (que enfrentavam dois paulistas, Alckmin e José Serra) e nos candidatos tucanos ao governo local.

“Quando o Aécio, e depois o (ex-governador Antonio) Anastasia, garantiu em Minas, com uma bela faca nas costas do Alckmin e do Serra, o ‘Dilmasia’ e o ‘Lulécio’, ele não se deu conta das rupturas partidárias que teria que enfrentar depois”, diz Roberto Romano, professor de Ética e Filosofia da Unicamp. Para ele, esse fator oferece riscos para o desempenho do tucano em São Paulo. Tanto Campos como Aécio consideram que vencer bem no Estado (onde estão 22% dos votos do País) pode ser decisivo para definir se haverá 2º turno - risco que o PT da presidente Dilma Rousseff quer evitar.

Tabuleiro

Na batalha pelos 32 milhões de votos do eleitorado paulista, PT, PSDB e PSB transformarão o território estadual em um tabuleiro de War - jogo de estratégia e sorte de 1972 que simula a guerra entre continentes pelo domínio do mundo.


O apoio velado de Alckmin não é problema para o PSB. O que mais interessa a Eduardo é a hegemonia dos tucanos em São Paulo. O PSDB governa o Estado desde 1995, e elegeu o maior número de prefeitos em 2012 (174, contra 89 do PT e 30 do PSB). Com o Estado dividido em 15 mesorregiões, Dilma venceu José Serra, candidato do PSDB em 2010, apenas na área que engloba a Região Metropolitana. Pelas pesquisas, se dependesse de São Paulo, Aécio e Eduardo derrotariam Dilma num 2º turno, se a eleição fosse hoje.

Eduardo atacará ainda em duas frentes na batalha pelo voto paulista: buscar o eleitor que votou em sua vice, Marina Silva, em 2010, e os votos anti-Dilma - concentrados nos pequenos e médios municípios.

Para Roberto Romano, a união Eduardo e Marina é de “risco”. “A densidade do Campos chama-se Marina Silva, que é um voto, um apoio e uma aliança incertos. É mais um incômodo amigo do que um companheiro de combate.”

Em busca do eleitor anti-Dilma - a presidente tem 23% de avaliação positiva de seu governo entre paulistas -, Eduardo usará o discurso do voto útil. “O eleitor paulista é mais pragmático. Vota para derrotar quem ele não quer. Como em 2010 a vitória de Dilma foi por 12 milhões de votos, 100% deles vindos do Norte e Nordeste, se o eleitor paulista se convencer de que o Eduardo tem melhor chance nesses Estados, ele buscará o voto útil”, diz França. (Colaboraram Isadora Peron e Daniel Bramatti).

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