domingo, 23 de março de 2014

Captação de água das chuvas melhora qualidade de vida no semiárido


Cisternas captam a água da chuva e permitem o armazenamento de 16 mil litros
O Brasil possui mais de 14 milhões de casas sem acesso a água tratada, segundo levantamento divulgado nesta semana pelo Instituto Trata Brasil. Grande parte delas vive no semiárido, em comunidades rurais longe das atuais redes de abastecimento e a muitos quilômetros de distância das cidades. O agravante é que eles convivem com uma realidade em que a água é um bem escasso.
Apenas em Pernambuco, 10 cidades enfrentam atualmente colapso no abastecimento devido à estiagem, de acordo com a Compahia Pernambucana de Saneamento (Compesa). Os municípios que estão nessas condições são Águas Belas, Jataúba, Jupi, Jucati e Calçado, no Agreste, e Venturosa, Pedra, Santa Terezinha, Itapetim e Triunfo, no Sertão.
Também segundo o órgão, outros 12 municípios estão com o sistema de abastecimento d'água em pré-colapso: São Caetano, Tacaimbó, Sanharó, Belo Jardim, Panelas, Paranatama e Saloá, no Agreste, e Arcoverde, Sertânia, Custódia, Brejinho e Betânia, no Sertão.
Desde 2011, entretanto, uma importante iniciativa começou a ser implantada para assegurar recursos hídricos na casa dessas famílias. Pernambuco está sendo beneficiado com a instalação de 39.006 cisternas de polietileno, por meio do Programa Água Para Todos, via Ministério da Integração Nacional (MIN), do governo federal.
Os reservatórios são fabricados pela Acqualimp e distribuídos pela Fundação Nacional de Saúde (Funasa), Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (Dnocs) e Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf). As cisternas captam a água da chuva e permitem o armazenamento de 16 mil litros, garantindo condições para uma família de quatro a cinco pessoas se manter por até nove meses de estiagem, cenário típico do semiárido nordestino.
Na zona rural de Limoeiro, a dificuldade por água é, sem dúvida, o maior e principal problema apontado pelos moradores do lugar. O barreiro que atendia boa parte da comunidade, já secou. Água agora só quando passa o carro-pipa.

"A gente sempre passou por esse sofrimento aqui. Água sempre foi um Deus nos acuda, por que demora a chover, os barreiros vão secando e a situação vai ficando cada dia pior. Esse ano, graças a Deus, chegaram essas cisternas pra gente. Agora, além de ter um lugar pra juntar água da chuva – quando chover -, a gente também tem um lugar pra colocar até água do carro-pipa, dependendo da emergência”, contou a dona de casa Maria do Carmo de Souza, de 40 anos, e mãe de três filhos.
Para o diretor da fabricante, Amauri Ramos, essa realidade mostra como devem ser levadas em consideração todas as tecnologias na hora de promover acesso a água de qualidade.
"A escassez de água submete milhões de brasileiros a uma condição de risco hídrico gravíssimo há séculos e os expõe a doenças e condições sub-humanas de sobrevivência. Somente o uso das diversas tecnologias poderá acelerar os programas oficiais em implementação e dotar cada família do semiárido com uma cisterna para armazenamento de água de chuva”.

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