sexta-feira, 7 de agosto de 2015

'O Brasil é o paraíso', diz sobrevivente da bomba de Hiroshima Takashi Morita imigrou para o Brasil dez anos depois da bomba. Há exatos 65 anos, os EUA jogavam a primeira bomba atômica no Japão.


'O Brasil é o paraíso', diz sobrevivente da bomba de Hiroshima
Takashi Morita imigrou para o Brasil dez anos depois da bomba.
Há exatos 65 anos, os EUA jogavam a primeira bomba atômica no Japão.


Giovana Sanchez

Do G1, em São Paulo
Quando abriu os olhos, Takashi Morita viu tudo queimado. "Fui arremessado 10 metros à frente. A bomba espalhou no ar. Machucou muitas pessoas, muitos morreram. Era manhã, as pessoas estavam trabalhando, as crianças estavam indo pra escola", conta o então policial militar - hoje dono de uma mercearia em São Paulo - que trabalhava em Hiroshima no dia 6 de agosto de 1945, quando a primeira bomba atômica explodiu no mundo. Quem sobreviveu ao inferno, conta que o cenário era de pessoas queimadas, andando com as tripas arrastando pelo chão, a pele pendurada, pedindo água e implorando por socorro.
Morita tinha 21 anos e lembra que viu muitos mortos. A bomba, batizada pelos americanos de 'Little Boy', matou imediatamente 78 mil pessoas em Hiroshima. No final de 1945, já havia 140 mil mortos, numa população de aproximadamente 350 mil pessoas.
A família dele era do interior e não se machucou. Assim que passou o inferno, e a cidade começou a se reerguer, Morita foi trabalhar como relojoeiro. Dez anos depois, por indicação de amigos que conheciam o Brasil, emigrou pra cá. "Aqui no país é bem melhor. Essa é a verdade. Quando saí do Japão estava doente da bomba atômica. Quando cheguei no Brasil acabou. A terra e o clima são muito bons, as pessoas, tudo. É o paraíso mesmo, aqui no Brasil"
Takashi Morita, em seu escritório no mezanino de uma mercearia em São PauloTakashi Morita, em seu escritório no mezanino de uma mercearia em São Paulo (Foto: Giovana Sanchez)
Além dele, outros hibakushas – como são conhecidas as vítimas que sobreviveram à bomba - vieram para o Brasil e se estabeleceram por aqui. Ao perceber que não era o único, Morita fundou a Sociedade Brasileira de Vítimas da Bomba Atômica, que chegou a ter 240 membros - e hoje tem cerca de 50.
Morita e os demais hibakushas decidiram se juntar para cobrar o mesmo reconhecimento do governo japonês que tinham os sobreviventes que ficaram no país - e conseguiram.
Três dias depois de jogar a bomba em Hiroshima, os EUA lançaram outra sobre Nagasaki. Em setembro, o Japão se rendeu e pôs fim à Segunda Guerra Mundial.
Fotos do álbum de Morita reúnem imagens da época da guerra

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